quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Caos interior



....Insanidade, benção daqueles que deixaram de sentir a pouca razão da nossa tenra tenacidade. Momento inglório de pura gloria pessoal, falta de sentido no que não se sente, segundos ou minutos da mais pura e libertina sede insaciável de fazer o impossível e tocar o intangível, mercúrio correndo nas veias em vez de sangue, olhos estalados e pupilas dilatadas, fúria interna causando o mais puro êxtase, efusiva alegria guardada em uma caixinha muito pequena quebrada por um martelo muito grande. Explosões de empolgação, pirotecnia de sensações, a boca salivando a vontade de gritar, de rachar o mundo ao meio e mergulhar no magma.
....Os dedos coçam e a vontade é quase incontrolável, bem lá do fundo da alma vem os sussurros, incessantes, inquietantes, instigantes... As pernas caminhando sozinhas, passos tortos e cambaleantes com a precisão cirúrgica de um símio embriagado. O sangue escorre pelos cantos da boca, os lábios dilacerados pelas mordidas, a língua saboreando o seu gosto férreo como se fosse o mais doce mel já fabricado.
....Sem motivos e sem razões, completamente louco, guiado pela profana luz tremula da insensatez. Nada pode deter sua vontade, nada pode impedir seus braços de abraçar o mundo, e abraçado com o mundo mergulhar em um mar de lodo, dançar polca sobre a mesa e desenhar em sua própria pele a rota de fuga de si mesmo. Imundo, mundano, completamente excêntrico em relação a este plano, fora de foco... Temerário cão urbano.


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