sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tolo...



O mundo parece maior quando nos sentimos perdidos, o mundo parece feroz quando precisamos de abrigo, de onde tirar coragem para enfrentar todos os medos e as angustias que nós mesmos criamos... Como lutar contra moinhos de vento... Como sentir de verdade o que há aqui por dentro... Como afagar a maldita agonia... Abafar o desejo... Suportar o ensejo de ser um mais que nada faz, sem importância, e provido de suposta arrogância que faz de mim não mais que um mero vagabundo, um a mais no mundo, alguém assim, indiferente até mesmo a mim...
Esperamos demais e a cada dia se faz mais presente o fato completo e decadente de que esperar é em breve se frustrar, não há luta, não há mudança, não há choro, não há dança que faça o impossível acontecer, e no fim das contas o que era pra ser? No fim da noite há quem volte sozinho pra casa, no fim da noite há quem fique na calçada, no fim da noite alguém perdeu, no fim das contas esse alguém sou eu...
E nada mais me fere que esta auto-piedade, nada mais me fere que essa falta de vontade, este desejo absurdo de abandonar este mundo e de sair por ai, sem destino, sem bagagem, sem ao menos uma passagem, só ter a mim porque talvez tenha sido quase todo o tempo assim... Por que luto? Em meu negro luto, como a dor que me deixa cego, luto por qualquer um, luto por ti, apenas para parecer que ainda em mim resta vida suficiente...
E nestas horas vazias só me resta à nostalgia que me faz parar no tempo ainda mais decadente, escrever estes textos sedentos, torcendo para alguém ler, sonhando em mudar o mundo de qualquer vagabundo que como eu lute a vida dia após dia, sofra a cada agonia, chore a cada lembrança, e nesta absurda dança não morra caído em um beco qualquer não tenha do mundo tanta magoa e não sinta tão fundo toda essa raiva...
Docemente amargurado, só por ter a mim mesmo decepcionado, sem ter qualquer conselho sóbrio, não sou capaz nem mesmo de sonhar um pouco, esquecer esse ruído rouco do meu coração já tantas vezes perfurado, e a cada lagrima tola que escorre, se esvai um pouco mais a gana de ter mais uma vez a chance, de ter pela primeira vez... Tolo...


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