terça-feira, 3 de março de 2009

No silencio de meus erros



....O silencio paira no ar e me agonia. Cada segundo passa devagar e custa a andar o relógio. Essa indecisão me atordoa e isso não me ajuda a entender o que devo fazer. Flutuando sobre meus ombros a sombra negra do tempo me espreita o pescoço, pronta para açoitá-lo com sua foice.
....Já nem me preocupo mais com isso, a morte por vezes seria bem vinda e ainda que não pudesse escolher o momento ela o faria por mim. Não precisaria tomar decisões e nem me preocupar com minhas ações, simplesmente partiria sem poder evitar, talvez essa seja a única maneira de partir no final.
....Lutar contra ela não iria, mas não quero ir embora agora, talvez tenha muito a fazer ainda, não errei o bastante e nem corrigi meus erros, ainda vou passar por muita coisa antes de partir. A vida no fim é sempre igual, cair e levantar só serve para fazer seus músculos trabalharem, e quão mais ofegante você fica mais fácil é te pegar.
....A fadiga te distrai e o mundo passa despercebido, as soluções nunca são certas e as incertezas te levam sempre ao mesmo labirinto. Sair do labirinto não poderia ser difícil, mas na agonia não me lembro de tocar a parede, me esqueço o caminho e por vezes nem quero sair por medo do que encontrarei lá fora.
....Fecho-me em meu casulo, espero a solução, mas ela nunca vem a minha porta. Se eu saio a buscá-la como um tolo sempre encontro a solução errada, tudo continua e começa de novo a tortura. Já não sei o que fazer.
....Já não sei esperar, o silencio me torna impaciente, meus olhos secos e vermelhos ardem na fumaça, corro como nunca corri antes, não sei se fujo ou se persigo, mas sei que meus erros tornam a aparecer mais uma vez, insistem em me atrapalhar. Dos meus primeiros erros já não lembro, foram tantos que se numerá-los fosse perderia o resto da minha vida cometendo o maior deles. Acho que aprendi a conviver com eles, afinal por mais que eu os evite eles tornam a aparecer em todas as circunstancias e em todas suas variedades.
....Pra quebrar o silencio tento gritar mas é em vão, abro a boca e da minha garganta não sai nada, minha voz já me abandonou também. Sento na relva e a brisa morna traz o cheiro pútrido de decomposição, minha vida vai morrendo sob meus pés e tento lutar contra o fim da linha. Debato-me e me desespero, grito, mas se já não tenho voz, ninguém me ouve então, inutilmente espero por ajuda, mas a ajuda não viria, no fim seria outro erro.
....Sozinho meus erros me fazem companhia e assim sigo andando, eles no fim não são tão ruins assim, me distraem e apesar da dor de remoer-los, o tempo passa menos lento quando penso nas alternativas que não escolhi. Não me arrependo é claro de ter tomado esse caminho, de nada isso adiantaria, mas no devaneio de pensar como seria eu viajo um pouco pra longe dessa terra despovoada.
....Em menos de cinco segundos subo até o céu e desço ao inferno, estou em qualquer lugar, errante sem direção guiado por pura autodestruição vou me desfazendo pelo caminho e aos poucos meus pedaços sozinhos se juntam para formar outra pessoa. Morro e então nasço de novo, sigo por ai, sozinho ou acompanhado, triste ou encabulado e no fim do labirinto a única saída que encontro é não sair.


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