quinta-feira, 12 de março de 2009

Seguir, retroceder, sentir, temer ...



....Não sei o que dizer... Pela primeira vez me faltaram as palavras, eu não sabia dizer mais nada, meu vocabulário secou. Seu olhar me intimidava, sentia vergonha de admitir o quanto ela me fazia bem, mesmo sem poder queria tocá-la, respirar sua fragrância e oferecer meu peito ao seu abraço. Pensei em sumir por ai, andar pelo mundo sem ela, me perder no mar de gente que não me faz diferente, que quase não me vê passar por ai e não ser notado.
....Andei um pouco, senti sua falta, tentei fugir, senti uma mão me segurar e me assustei ainda mais quando descobri que a mão que me impedia era minha, que eu não queria ir pra longe, que eu não sabia fazer o que achava que podia. Cai num turbilhão de emoções e sentimentos, num mar de confusões e pensamentos, pensei em me afogar e ser livre, mas livre seria mais triste que só.
....Esperei... O tempo talvez tivesse as resposta, talvez ele me dissesse por que o vento insistiu em soprar pro lado errado, porque quase morri afogado, mas não. O tempo trouxe o silencio e a duvida, apostar seria inútil, já não tinha mais fichas. Errei no tempo e me precipitei, minha sinceridade saiu do lado errado como uma bala disparada pela mão de um amigo que erra o destino e te acerta em cheio.
....Fiz besteiras sem tamanho, errei a mão, não segui a receita e logo não sabia como voltar atrás. Machuquei a mim e a ela, não soube protegê-la como queria, não fui forte como achei que seria. Voltei a esperar e busquei a amizade do tempo que insistia em me ignorar. Quando fez frio suei, quando fez calor tremi e quando a vi nem sei o que senti. Esperei passar e não passou, tive que me adaptar e aprender a conviver com isso.
....Senti-me estúpido, gaguejei pra falar a frase que já havia ensaiado. Atrapalhei-me e tentei abrir a cerveja do lado errado, tropecei em minha sombra e fiquei enrubescido ao cruzar o olhar dela. Não consegui ler em seus olhos o que ela queria me dizer, não consegui dizer não e ir pra longe, joguei toda a responsabilidade em suas mãos e lhe deixei a decisão, que nem sei se foi tomada.
....Mais um dia passou, comecei a me acostumar com tudo isso, já é normal ver seu sorriso e agora já me acostumei a lhe falar o que senti. Essa estrada de mão única que não deve tão cedo mudar já tem menos curvas, já não é tão sinuosa quanto antes me parecia, no fim é só guiar com cuidado. Tenho mais do que esperei algum dia ter, sua amizade tão sincera me é muito cara, e perder-la por minhas besteiras me faria sentir que outra vez dobrei a esquina errada.
....Sigo em frente sem destino, só ouço o ronco do meu coração, reclamando e resmungando coisas desconexas que não chegam a meus ouvidos. Provavelmente nem sabe o que eu sei, e eu não sei o que ele sente. Não estou descontente, não estou perdido... Só não sei onde estou, viro a direita, depois dobro a esquerda, manobro dou marcha ré e então saio no mesmo lugar. Eu ando em círculos e tento achar o que não sei procurar, mas poxa... Já não estou mais sozinho.
....O que antes me apetecia agora me sustenta, luto todo dia pra manter o que tentei jogar fora. Por medo de machucar alguém não empunhei a espada, guardo-a na bainha e espero o dia de sacar-la para protege-la dos moinhos de vento criados pelos meus próprios pensamentos. Crio meus momentos e agora sou amigo do tempo, viajo no vento cruzando seus pensamentos e de longe cuidando que tudo continue nos trilhos, para que não haja mais castigos e não fique de novo perdido.
....Já me disseram que o amanham a deus pertence, mas eu acho que isso é tamanha hipocresia, nós tolos mortais que decidimos e quase sempre erramos sozinhos. Erramos por escolher e erramos por não escolher. Erramos por estamos sozinhos, erramos por pedir carinho e muitas vezes erramos porque este é o resultado de todas as opções.
....Não precisamos mais temer o destino, eu posso seguir sozinho, eu posso seguir contigo, eu posso seguir cantando, eu posso seguir correndo, eu posso seguir andando e eu posso seguir chorando. Isso só me leva a um caminho... Seguir. Sigamos então seja o que for. Sigamos nossos corações, sigamos a razão, sigamos toda a dor que nossas vidas masoquistas nos fazem sentir.


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